sexta-feira, 1 de maio de 2009

Desconstruindo Senna

Há 15 anos morria Ayrton Senna.
Eu que sou apaixonado por Formula 1 só me tornei um torcedor dele depois que o Nelson Piquet se aposentou. Como era moleque na época da chegada do Ayrton a categoria máxima, eu preferia o Nelsão porque com ele era certeza de vitória. Senna ainda era novato e correu no inicio de Toleman que era uma nanica com poucas chances. Lógico que quando Piquet deixou a Williams no final de 1987 e foi para a já combalida Lotus no lugar de Ayrton (que foi para a Mclaren), eu mudei minha torcida. Natural para quem tinha 9 anos.
Mas hoje vejo, sem romantismo, o que o falecido tricampeão foi. Tecnicamente irrepreensível e de uma garra impressionante. Mas uma pessoa com uma fé afetada e quase marqueteira. Conseguiu unir sua capacidade gigantesca de conduzir carros a uma aura de messias do povo brasileiro. Suas vitórias foram épicas e quando não eram, elas se tornavam por seu comportamento após as corridas: o carregar a bandeira nacional no carro. Isso tinha um que de fato projetado para ser histórico. E de fato se tornou. Não coloco como o maior de todos os tempos, mas esta entre eles, na minha humilde e insignificante opinião. Senna conseguia resultados extraordinários com carros limitados, como o heróico segundo lugar com um Toleman em Mônaco/84 e as vitórias no Estoril e Spa Francochamps em 1985 de Lotus. Mas uma grande qualidade sua, junto a sua classe como piloto, era sem dúvida o modo como conseguia tirar proveito da política na Formula-1.Em 1987 a Williams havia conseguido conquistar o mundial de construtores e de pilotos com Piquet. A equipe inglesa tinha um motor fantástico chamado Honda. Senna, por seu lado, estava na Lotus e lá sabia que nunca seria campeão. Ele precisava crescer. Precisava de uma equipe grande com os melhores fornecedores. Foi então que conseguiu assinar contrato com a Mclaren para 1988 e de quebra tomar da Williams os propulsores Honda, tudo isso sem ter de pagar multa por sair da Lotus: “Deu” alguns motores Honda, de geração anterior, para a ex-equipe e esta acabou contratando o Nelson a peso de ouro. Em uma só tacada de mestre ele tirou Piquet e a Williams do páreo e junto a Alain Prost e os engenheiros de sua nova equipe e da Honda, desenvolveu um dos carros mais fantásticos da história da Formula-1: a Mclaren MP4/4. Este equipamento ganhou 15 das 16 corridas da temporada de 88 e deu ao brasileiro seu primeiro titulo mundial na categoria, depois de dura batalha contra Prost durante todo ao ano.
Portanto antes de se tornar um “santo”, Senna foi um estrategista quase em nível militar, que criou o ambiente ideal para que fosse campeão tantas vezes. Ele sempre soube o seu peso no mundo em que vivia e fez uso disso em momentos capitais, como na vingança contra Prost na largada de Suzuka/90 em que sabia que não seria punido dois anos seguidos já que estava ameaçando correr na Indy e já havia testado até um Penske Chevy nos E.U.A. para mostrar que estava falando sério. Sem Senna a F-1 não seria a mesma em grandes mercados automobilísticos. Perderia apelo comercial e ao mesmo tempo grana. Infelizmente seu maior projeto, a ida para a Williams Renault, foi muitas vezes adiado. E quando conseguiu sentar no cockpick azul e branco, morreu, correndo atrás de Michael Schumacher, que o sucederia nos títulos e nas estratégias anos mais tarde, durante aquelas 3 primeiras corridas de 1994.
Como ser humano Senna foi bem... Humano: profissionalmente fez de tudo para crescer apostando corretamente no talento que tinha.
Sua visão era ser o maior piloto de todos os tempos, com todos os recordes. E acho que ele conseguiria. Estava trabalhando para isso.

Nenhum comentário: