domingo, 17 de maio de 2009

Filminhos, filmetes e filmaços!


Tem filmes que marcam pra valer a gente. Às vezes coincidem com o momento que vivemos, outras vezes nos alertam, em outras nos apaixonam...
Lembro de 1997 quando excursões foram feitas a exaustão para levar os ituveravenses mais românticos a Franca para ver Titanic. Aquilo mostrava a força do cinema ou da propaganda em torno de uma produção? Acredito nos dois. Titanic não é meu tipo de filme: água com açúcar demais e provocador de menos. O próprio Di Caprio fala com reservas sobre ele e luta a cada novo filme para ser levado a sério como ator e não ser sempre Jack. De fato ele tem conseguido arrancar elogios de críticos raivosos com suas atuações em filmes como os Infiltrados e Diamante de Sangue (adorei os dois!!).
Muitos dos que foram ver Titanic naquela época não gostam tanto de filmes assim ou, penso eu, não teriam estomago para produções mais audaciosas em termos de discussões sobre assuntos mais controvertidos. Filmes como Titanic, a meu ver, são feitos para serem assistidos em massa, que é mais superficial em suas exigências, mais vulnerável ao marketing e mais afoita ao declarar qualquer coisa como “filmaço”. Outra porcaria colossal, que teve destaque enorme e a Record adora reprisar, é Paixão de Cristo. Outro filme feito para um “nicho de mercado”, ou tipo de expectador: o conservador, cristão e à direita. Como os caipiras americanos são e como os brasileiros se orgulham em ser. Como Mel Gibson, diretor de uma obra prima como Coração Valente se presta a tal baixeza? Em 1995 ele colocou nas telas um épico sobre a revolta escocesa contra o domínio inglês séculos atrás; paisagens espetaculares, aquela musica de gaita de fole e um viés provocador, um incentivo a virada de mesa por um homem do povo que só se mexeu quando os britânicos mataram sua esposa. Levou Oscar de melhor filme e melhor diretor! Paixão de Cristo, ao contrario, foi à mesma história batida recontada sob a ótica de um açougueiro. Ateus e até religiosos menos aguerridos não suportam o filme; Gibson nunca mais teve o respeito de seus pares; Jim Caviezel (que interpretou aquele pedaço de carne muída) até hoje não fez mais nada... Se Cristo existiu e se liderou o seu povo contra o rei, claro que foi mutilado até pior que aquilo. Mas o filme poderia seguir a temática de Coração Valente, buscar fatos mais racionais e mostrar talvez os conflitos que Cristo teve com o poder de sua época, suas angustias como ser humano, duvidas... Mas isso é bater de frente com a Igreja e limitar a audiência no cinema a alguns poucos. Gibson perdeu o foco. O seu grande mérito foi ter levado aos cinemas gente que nunca esteve lá antes e nunca mais voltará. Bela aroba...
Hoje vi Sangue Negro. Hoje vi a manipulação da fé e sua capacidade de gerar barganha a quem lidera os “rebanhos do senhor”. A sequencia final é espetacular ao colocar no mesmo saco o pastor e o capitalista : a verdade é tão crua que amarga na boca.
Hoje vi Daniel Day Lewis em seu maior papel, como o prospector obstinado pelo petróleo e pelo lucro em detrimento das suas relações pessoais. Vi a angustia do personagem ao encarar isso. Vi personagens de verdade. Vi um filmaço de verdade.

Nenhum comentário: