domingo, 25 de janeiro de 2009

Mantenham o juízo mas não adiem sonhos. Isso nos manterá a salvo

Lá pelo dia 20 de janeiro li e ouvi muita coisa a respeito da chamada Flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A intenção, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), é que as cargas horárias de labuta diminuam, levando consigo o nível de estoques, e também os salários dos funcionários das fábricas. Para a instituição acima citada, esta é a saída para estancar o crescimento do desemprego frente à queda no consumo de alguns produtos no mercado nacional. A pressão política já começou a ser feita e a “propaganda” na Folha de São Paulo e Rede Globo também (Jornal da Globo principalmente).
Das duas, uma: ou a CNI esta mesmo preocupada com os destinos dos brasileiros ou esta convidando a nós todos, trabalhadores, a pagar a conta de alguns gestores irresponsáveis. Em vista do que já rendeu a discussão em torno do tema, fico com a segunda opção.
Nos anos de FHC e inicio dos anos de Luiz Ignácio, de economia crescendo pouco e emprego já escasso, a flexibilização foi proposta, explícita ou veladamente, várias vezes. Os empresários, de vocação monetarista, cravavam em entrevistas a Veja e a Globo que a saída para o emprego era a diminuição dos encargos trabalhistas, que tornariam mais baratas as contratações e a manutenção dos funcionários. O problema é que o corte seria nos direitos dos empregados (FGTS, Férias, Licenças remuneradas, 13º salário...).
Não sou sindicalista. Não combinaria com a profissão que escolhi. Mas tirar direitos que garantem giro de dinheiro na economia é um tiro que certamente sai pela culatra a médio e longo prazo. Afinal do seu salário depende meu emprego e vice-versa.
Voltando aos dias de hoje, se houverem cortes em salários, o consumo vai cair rapidamente já que a prioridade serão os produtos de primeira necessidade e ainda assim os mais baratos. Toda a inovação tecnológica implantada no Brasil do dólar baixo (até setembro passado), ficará ociosa e gerará mais desemprego, que gerará mais ociosidade e ainda mais desemprego, levando o país a recessão.
Quando a crise explodiu, empresas como Sadia e Aracruz Celulose tiveram prejuízos imediatos. Estas empresas não eram lucrativas? Claro que sim. Mas o que faziam com seus lucros é a questão. Aplicavam em fundos internacionais sem lastro financeiro garantido. Quando o castelo de cartas caiu, levou junto quem estava dentro dele. Há também vários outros casos de empresas com dificuldades financeiras por motivos ligados a investimentos equivocados, como as acima, e dependência de capital de giro captado com terceiros (bancos internacionais).
Agora somos convocados a adiar sonhos e projetos pessoais para ajudar alguns irresponsáveis gestores a pagarem suas contas. Mesmo aqueles, que como eu, trabalham em empresas responsáveis e austeras, poderão sofrer conseqüências por causa da queda no consumo de maneira geral.
Tomará que a única flexibilização vigente nos próximos tempos seja na mudança de lugar dos pés de alguns empresários: das nuvens para o chão.

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