sábado, 4 de julho de 2009

A maldição da cultura gospel

Você que tem um negócio ou que gerencia um empreendimento comercial: já pensou em ter um mercado que cresce com força, que consome todos os seus produtos sem pestanejar e não dá bola para o preço na hora de pagar?
Sim amigos isso existe. É o mercado da fé. Mas não é só o pedaço do céu que pode ser considerado como produto. Os produtos de fato são mais acessíveis e de fácil consumo: Shows, DVDs , CDs, livros, roupas, chaveiros, etc.
Existe uma cultura paralela ao Pop, talvez um Pop-Cristão-Gospel, que é altamente recomendado pelos “lideres espirituais”, principalmente os protestantes (no Brasil são chamados de evangélicos).
Hoje ao ligar o rádio, por exemplo, nos deparamos com musicas religiosas adaptadas ao funk, rap, sertanejo, rock... Ouvir esses ritmos na voz de seus fundadores originais é pecado capital. Dizem que os Rolling Stones, por exemplo, tem pacto com o diabo. Mas para alguns até o Carrefour tem acordo com o capeta (então é bom reverem o trato como o sinistro logo porque o Pão de Açúcar assumiu a liderança do varejo nacional de novo).
Se o original é execrado pelos religiosos, as paródias evangelizadoras são bem vindas ao "reino dos céus". As letras são basicamente a mesma coisa: sou pecador, (me estrepei sozinho) e agora preciso do Senhor, Meu Deus (para me tirar da enrascada); o Senhor é tudo na minha vida, quero ir para o céu (porque a coisa aqui está preta)...
Está certo que tem muita coisa pior tocando nas rádios, vestindo as pessoas... E há livros terríveis também. Mas a cultura gospel soa panfletaria demais, parece querer nos convencer a todos de que não estando com eles estamos errados.
Ninguém que eu conheça, e que ouve uma musica assim, ouve para si só. Eles precisam colocar para todos ouvirem, querem nos empurrar isso goela abaixo, ou melhor, ouvido adentro. Eu sei que as musicas que ouço pouca gente que conheço gosta. Então por respeito a eles e para me preservar, boto fone no ouvido e sigo feliz. Não tenho a obrigação de fazer propaganda de musica para ninguém, até porque não ganho nada com isso.
O gospel tem uma maquina de divulgação perfeita e perversa: os fiéis compram os produtos e os divulgam. A igreja só precisa investir em distribuição, afinal a propaganda já está garantida.
Enquanto isso, a maioria das empresas de bens e serviços de verdade tem de pagar caríssimo para ter marcas e produtos expostos. O boca a boca para quem produz é cruel; para as igrejas é sempre fávoravel (falar mal é pecado).
E qual das duas modalidades de negócio contribui mais para a economia de um país, para a vida real das pessoas? Se as organizações da fé fossem tributadas, a carga de impostos sobre as empresas formais poderia ser reduzida, o que permitiria a contratação de mais e mais trabalhadores com carteira assinada.
Mas, ter mais pessoas com qualidade de vida é péssimo negócio para as igrejas.
Sua matéria prima é o desespero coletivo.

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