Um dos meus maiores idolos, desistiu de tocar seu Blog. Mino Carta, talvez o maior jornalista vivo do Brasil, se intristeceu tanto com a posição do governo Lula no caso Battisti que resolveu parar seu site e se calar temporariamente na Carta Capital (revista da qual é sócio).
Italianíssimo que é, conhece como ninguem quem presta e quem não presta na "Bota". Portanto sabe bem o que esta falando quando critica Battisti e seus defensores no governo. Auto definido como esquerdista, aguentou nos ultimos tempos comentarios raivosos em sua pagina na net por conta desta posição no caso, coincidente com a do DEM e do PSDB (argh! a velha direitona!). Mas cada qual com seus motivos (Mino por conhecer a história da Italia e os partidos citados por já estarem em campanha pró José Serra/2010).
Mal entendido e desanimado com o fato de que Lula não rompeu com as praticas politicas de 500 anos atras, e tambem decepcionado com a própria classe jornalística, o velho Genovês deixou sem horizonte aqueles que todos os dias abriam sua pagina para ver o saira de sua implácavel e fina Olivetti.
Mino cansou. Foi um romântico. Apoiou honesta e corretamente Luiz Inacio em 2002 e 2006 por ver nele a chance de finalmente uma nova politica nascer. Eu também.
Mas até eu aqui de Ituverava já imaginava que os acordos com vários partidos para viabilizar a canditura teriam um alto preço. O "mensalão" não nasceu no governo Lula. Porém, sem este artificio é impossível governar no Brasil,por mais bem intencionado que seja qualquer Presidente. As reformas e o orçamento dependem de votação e o Congresso cobra caro para se alinhar, seja de que lado for. É assim, sempre foi, se não tivermos reformas políticas drásticas, continuará sendo... A falta de empenho nestas reformas é dos pontos criticados por Carta.
Mino, como ele mesmo reconhece, acreditou que Luiz Inacio poderia mudar as almas e os corações de deputados e senadores. Esperança vã. A "procura" estava a espera, Lula teve de "ofertar" para não travarem o PAC e todos os seus projetos sociais.
No entanto Mino continuará a nos inspirar, com sua busca pela verdade factual e sua fiscalização permanente do Poder, onde quer que ele se manifeste. Foi contra os Militares, Collor e FHC . É um critico pontual de Luiz Inacio, cobrando feroz e publicamente seu amigo pessoal na condução do país. Mas de maneria honrosa e constrututiva.
Certa vez escrevi um e-mail para sua revista, falando o que eu pensava sobre o meu país. Recebi um ano de assinatura grátis. Isso foi em 2002 e aquilo abriu minha cuca.
Porque eu, como administrador, sigo um jornalista esquerdista? Porque saber a verdade ajuda nos negócios. Exercitar o senso crítico é essencial em todos os ramos.
Hoje sei que o Milan da Italia é um clube que serve de instrumento de propaganda de massa do retrógrado governo Berlusconi (capo di tutti capi na Velha Bota e dono do time do Kaká). Como também já consigo identificar o que é noticia quente ou coisa plantada. E acima de tudo, aprendi o mais importante,ao ve-lo repetir Antônio Gramsci:
"Pessimismo na Inteligencia e Otimismo na Ação".
Obrigado Mino. O Brasil real e profundo te agradece.
P.S. Mino Carta comandou as equipes que fundaram o Jornal da Tarde e as revistas Carta Capital, Quatro Rodas, Isto é, e Veja. Esta última se tornou a porcaria que é depois que Mino a deixou por não concordar com a venda da alma da revista aos militares durante a ditadura. Mino sempre primou pela qualidade editorial nunca focando em tiragem e sim em atingir leitores de nível elevado. Um Slogan famoso de Carta Capital: "Não precisa concordar. Precisa ler".
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